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Universidade Federal do Ceará
Departamento de Fisiologia e Farmacologia

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Pesquisadores da Faculdade de Medicina da UFC desenvolvem teste mais rápido e barato para covid-19

Data de publicação: 16 de junho de 2020. Categoria: Notícias

Pesquisadores do Instituto Nacional de Biomedicina do Semiárido Brasileiro, ligado à Faculdade de Medicina (FAMED) da Universidade Federal do Ceará, estão desenvolvendo, em parceria com pesquisadores da USP de Ribeirão Preto, do Hospital São José de Doenças Infecciosas e do Laboratório Central do Estado, ambos ligados ao Governo do Estado, um novo tipo de teste para a covid-19.

A nova técnica tem a vantagem de ser bem mais rápida que a técnica atual de RT-qPCR, com resultados em até uma hora, além de ser mais barata.

O novo tipo de exame ainda está em desenvolvimento, mas obteve bons resultados em testes-piloto realizados na UFC. A próxima fase, para a qual os pesquisadores buscam financiamento das agências de pesquisa, pretende avaliar a especificidade e a sensibilidade do novo método, a possibilidade de ele gerar falsos positivos e falsos negativos.

Na fase já concluída, os pesquisadores da UFC testaram a nova metodologia em amostras contendo fragmentos de RNA do novo coronavírus, e os resultados foram exatamente os mesmos do RT-qPCR.

Atualmente, há dois tipos de exames para a covid-19. O PCR, considerado padrão-ouro, busca fragmentos moleculares do material genético do novo coronavírus. Ele é capaz de dizer com precisão se uma pessoa está com o vírus naquele momento, mas é um exame de alto custo e cujo resultado leva horas para ser realizado – na prática, o resultado só sai vários dias depois, devido à alta procura. Além disso, só pode ser realizado em laboratório com equipamentos de ponta, o que contribui para o alto custo.

O segundo tipo são os testes rápidos, cujo resultado sai com uma hora. Esses testes se baseiam na detecção de anticorpos contra o vírus. Devem ser aplicados, portanto, em pessoas que estão com a doença instalada há dias, tempo suficiente para o desenvolvimento dos anticorpos pelo organismo.

A nova técnica quer resolver essas limitações. Ela se baseou em uma metodologia desenvolvida no Japão no início dos anos 2000 e inicialmente adaptada por pesquisadores da Fiocruz de Pernambuco para a identificação do zikavírus. A rede que envolve os pesquisadores do Ceará e de São Paulo resolveu aplicá-la para o novo coronavírus.

A nova técnica rastreia a presença de fragmentos de material genético do vírus. Ela difere do método de RT-qPCR tradicional, pois dispensa a realização de vários ciclos alternados de temperatura durante o exame, para os quais é necessário ter um equipamento chamado termociclador. Outra vantagem é a fácil leitura do resultado, que passa a ser visual, parecida com a de um exame de gravidez comprado em farmácia, ao passo que o tradicional exame RT-qPCR precisa de software específico.

O teste realizado na UFC foi conduzido pelo Prof. Alexandre Havt Bindá, responsável pelo estudo molecular. Nas imagens, é possível perceber a coloração amarelada da amostra com fragmentos do vírus sars-cov-2, enquanto a amostra sem vírus tem cor rosa. O resultado detectado foi confirmado pelo método tradicional de RT-qPCR, o que sugere ser a nova técnica tão confiável quanto a atual.

De acordo com o Prof. Alexandre Havt Bindá, a pretensão agora é continuar o desenvolvimento do teste até que ele possa ser útil aos serviços de saúde pública do Estado de forma mais simples, rápida e acessível. “Além de este teste ser mais barato, traz a possibilidade de tratamento mais precoce, sintonizado aos sinais e sintomas, aumentando a eficiência das medidas de isolamento social e freando a velocidade de transmissão do vírus na população”, diz.

Para ele, as primeiras evidências são animadoras. “Mas outros testes são necessários para assegurar a especificidade e sensibilidade do método”, ressalva.

A equipe da UFC é liderada pelos professores Aldo Lima e Alexandre Havt e conta com a participação dos professores Armênio Santos, Pedro Magalhães, Marcellus Souza, Miguel Souza e Roberto da Justa. Do Hospital São José, participam os médicos Érico Arruda e Melissa Medeiros. Da USP de Ribeirão Preto, participa o Prof. Eurico Arruda Neto, virologista especialista em coronavírus. No LACEN atuam as farmacêuticas Liana Perdigão, Vânia Viana e Karene Cavalcante.

Fonte: Prof. Alexandre Havt Bindá, do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da UFC – e-mail: ahavt@ufc.br

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